Encontramos hoje todos os tipos de informações, artigos, teses, experimentos, pesquisas sobre a maternidade e a educação dos filhos. O arsenal é grande e geralmente se concentra em métodos, técnicas, estilos, nos quais podemos confirmar com teorias de especialistas o que quisermos. Atestamos assim os nossos produtos de uma construção da maternidade que pode ser tanto baseada nas afirmações e crenças recebidas quanto nas nossas defesas e dificuldades para fazermos o que fazemos. E, assim, lembrando Guimarães Rosa: “Enfim, cada um o que quer aprova, o senhor sabe: pão ou pães, é questão de opiniães...”

Raras vezes, no entanto, paramos para tomar uma distância de nós mesmas e buscamos uma observação genuína para reconhecer a nossa verdade como mães. Uma das dificuldades de fazermos isso é que a verdade que cada uma carrega da maternidade real coloca todos os ideais à prova. Tendentes a atestar com explicações e metodologias sem antes refletir o suficiente sobre a grande provocação que recebemos ao sermos mães, entramos em um circuito somente de avaliação e julgamento daquilo que concordamos ou rejeitamos, os quais se baseiam geralmente em uma construção utópica, banalizada e mistificada da maternidade. Contudo, assim que nos tornarmos mães, temos a oportunidade de adentrarmos em um terreno lamacento, que proporciona encontros com nossas faces mais feias, iradas, manipuladoras, exigentes, carentes, inseguras e infantis, mas que muitas das vezes não queremos nem nos aproximar. E, a fim de evitar tal encontro, recorremos a justificativas ou padrões idealizados de como devemos agir, sempre com uma crença de que fazemos o que fazemos pelo bem dos nossos rebentos, sem a consciência de que esse “bem” faz a todos muito mal.